Imagem e semelhança

  Seria mentira e seria tão inútil. Fingir que não nos conhecemos por cortesia. Alguém acreditaria? Talvez eu acreditasse. Afinal de contas, você só conhece a minha arte, que é tão pouco e ao mesmo tempo bastante. Suficiente, mas não necessário. E falando em poetas e poesias e coisas parecidas, onde anda você? Achou que era saudade, né? Mas são sinônimos. Isomorfos, com o mesmo radical poético. Poesia, amor e saudade. Não sou eu, é o papel que sente a sua falta. É por isso que preciso de tanto amor, pra ter alguns que gostem de ouvir esse CD sobre uma pessoa só. Se não se apaixonar pela minha escrita, melhor eu desistir e te deixar pra outra, porque meu lado poeta é por vezes o melhor e o pior, mas sempre é o mais verdadeiro de todos. Eles têm sido que nem eu, os meus escritos. À minha imagem e semelhança. Saem atrasados, se arrumam do jeito que dá e são tão inseguros que se derretem com todo e qualquer elogio. Demorados, assanhados, viajados, marcados e feitos pra você, como você pediu. Gostam de banhos quentes depois de dias frios e de balanços. De bolachas e de biscoitos, chame-os como quiser. Um dia eu acho meu balanço, como boa ou má libriana que sou. Me dá lugar na sua vergonha, me dá flor e outros clichês. Canetas especiais e a liberdade que eu preciso. Não me daria fim nem se quisesse. Eu mesma, não sei se quero.

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