Corinthians campeão



  E se eu te falar que joguei fora as alianças e devolvi o chaveiro e o copo? Me livrei das cartas abertas e fechadas. Já preenchi o rascunho deixado pelo TCC e tô esperando pra ver aquele filme só com você. E aquele outro quero ver de novo. Queria entender como que caralhos as minhas últimas buscas envolvem de sex shop e motel Floripa até vestido de noiva Cinderela e serenata Vitório alma gêmea. Gritavam para a separada não porque achavam que ela não amava, mas porque sabiam que ela amava demais. Você sempre soube e eu nunca reclamei. As palavras, depois que passam pela cabeça, vão direto para o lado direito do corpo. Eu sou escritora destra, meu amor. Segurar minha mão direita é ter, na sua, o meu coração. Na nossa série engraçada, na de suspense, na de aventura. No nosso musical, no nosso filme romântico ou no desenho. No nosso poema, conto ou livro de ficção. O final pra mim é você, ainda que nunca termine. O final da lista, o final da garrafa, o final do ciclo da máquina de lavar. Fim de jogo. Fim da tinta. Fim do campeonato. Corinthians campeão. Dia das mães rendeu devolução de tupperware. O teclado é cruel quando comparado à caneta. A frieza do teclado corresponde às letras riscadas na folha de papel. Aos amassados, aos rasgados, aos perdidos e aos encontrados. Aos riscos no canto da folha pra testar a tinta e aos nossos nomes escritos dentro de um coração desenhado. As teclas destacam as mentiras e amenizam as verdades. Suavizam as curvas e censuram algumas traquinagens. Mas não hoje, se eu tenho coragem. Hoje eu aumento o nível de açúcar no sangue, rasgo foto, fico com fita adesiva nos dedos e fico colorida. É hoje que eu morro viva. Se a caneta funcionar, agora que o texto acaba.

09/05/2017 - Terça-feira, 18:45

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