Tem verde no pôr do Sol.

Não lembro que série estava, mas lembro que era um trabalho de artes que envolvia o desenho de um pôr do Sol. Quis pintar de verde e a professora disse que não tinha verde no pôr do Sol. Por algum motivo desconhecido e provavelmente bizarro, aquilo viveu comigo até agora. Talvez porque eu levei aquilo como uma proibição ou uma injustiça. Engraçado que eu nem cheguei a contestar a professora. Mais engraçado ainda é que, para escrever esse texto, eu realmente joguei pôr do Sol no Google, para ver o que aparecia. Às vezes eu acho que sou muito certinha, mas aí lembro do meu cabelo curto e cacheado, do meu ódio por Barbies, do fato de eu brigar muito com a minha irmã, falar palavrão e nem sei mais o que. Mas aí mudo de ideia de novo, não tem tanta coisa para lembrar, eu sou mesmo muito certinha. Tão certinha que ando de mão dada com a minha vó e, inclusive, recebo elogios por isso. Tão certinha que tento não escrever sobre amor e sempre acabo falhando. Uma vez alguém me falou sobre a morte do escritor, dizendo mais ou menos que, quando o texto é lido, o autor morre e quem escreve, de fato, é o leitor. Daí tem as técnicas pra escrever e sei lá o que pra ficar mais fácil matarem o escritor. Sou tão certinha com os meus textos que foda-se isso. Devo ressaltar, porém, que se um escritor se apaixona por você, você nunca morre. Olha que lindo isso, acabei de ler no facebook. Essa tecnologia, aliás, é do capeta. Outra vez, um cara me falou assim: É incrível como todo mundo tem aquela pessoa que se ela disser 'vem', tu vai. Não sei se a frase fica clara com esses pronomes, só sei que quando vejo essa pessoa no maldito facebook eu tenho que clicar e falar, pelo menos uma vez, que ela é linda. Mas puta que o pariu, aí o cérebro manda a mensagem pro corpo que ficar vendo as fotos da pessoa não é legal. Então, você mesmo, faça minha caixa de entrada do email entupir, bombardeie o meu celular com mensagens, ligações e o caralho a quatro. Até o momento em que quando você disser 'vem', eu vou. Se não, isso tudo é muito triste, meu bem. Ah, e sou tão certinha que não vou chorar por você. Você nem percebe, né? Se eu chorar de tristeza por sua causa, você não tem mais causa, não tem mais nós, acabou, boa sorte. Agora, uma constatação dos últimos dias: escrever é o meu chorar. Acho que posso dizer isso, enquanto tiver verde no pôr do Sol.

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