gêmeos


Um pé de manjericão. Uma janela aberta deixando entrar o inverno dentro do outono. Cômodo com sofá. Canapé. Os prédios claros refletem a luz solar. Uma música do Caetano. Uma história de aula pra contar. Um trabalho pra fazer, um livro de contos aberto com uma foto de Londres marcando a página. Lima Barreto. Instrumentos musicais. Uma passagem de ida pra Hungria. Caos na ilha. O país anda em meia pista. Uma campainha, uma xícara de açúcar. Um copo de café que se esvazia lentamente como se nada mais houvesse no mundo, além dele e de seu degustador. Um sommelier e uma saudade. Um ciuminho. Uma quarta-feira com horário de domingo. Entardecer. Ônibus. As cores passeiam pelo céu - amarelo, verde, violeta - e rendem tantos elogios a ele, mas tantos, que ele fica vermelho logo antes da noite chegar. Outra história pra contar. O livro de contos ficou com a aluna. Um forró na voz do Gilberto Gil. O tempo que a Lua leva para se encher. Respiração. Um baralho de tarô. Um rei de copas. Outro trabalho pra fazer. Uma novela pra ler. Um livro comprado, de capa dourada, tão bonito! Um cinzeiro na janela. Um amor deitado no meu colo e o tempo tiquetaqueando no relógio. Umas fotos antigas. Duas irmãs distanciadas. Idílio de Siegfrid. Bolacha de natal. Uma tangerina. Novos Baianos. Ar mutável. Enfrento meus medos pra te ver. Não é mais o mesmo nervosismo, mas ainda é um bom frio na barriga. A noite cai mais uma vez, desgovernada. Segue sem movimento a estrada. Chegam minhas cartas, como? Eu faria amor com você até o gás acabar. Desse jeito que a gente faz conversado, sorrindo com os olhos, juntos. Um seriado que a gente gosta, uma pipoca de microondas. Uma sala. Uma coberta e um quebra-cabeça.
A única coisa melhor do que ser conquistada por você é achar, ingenuamente, que te conquistei.

Comentários

Postagens mais visitadas