fui feita pra ser lida em voz alta na frente de crush (a tal)
oi
o meu nome é tal
me disseram pra chegar assim
sem nem ensaiar
sem muito pensar
hesitar
pestanejar
titubear
e definitivamente sem se
preocupar demais
com rimar
mas ainda assim
exuberante
entre tantas besteiras
padrões de fotos
regra dos terços
revista em quadrinhos
e quadros abstratos
cartas de amor
livros de poesia
e música brasileira
você que me disse, amante
que eu era cativante
falava a verdade, será?
ou era só pra
me conquistar?
de qualquer jeito eu
aceito
se você me aceitar às
duas e vinte e um
com o sutiã jogado
o vinho aberto
sem pedidos
e com um novo dia pra contar
ou se eu acordar
porque tive um pesadelo
e você exagerou
nas cobertas
e eu morri de calor
mais uma vez
se você não falar
desculpa
e confessar que já era
comprometida
quando se apaixonou
por mim
eu te chamo para um café
um bar
um passeio na lagoa
vamos sair dessa poesia
ir para um lugar mais quieto
esse barulho de obra
atrasada
me desconcerta
olha ali
atrás do prédio
os jovens apreciam
o céu
e suas cores
e tiram fotos
e dançam
ah
me dá uma sorte, vai
você me dá vontade de
Machado de Assis
de Coppola
de tarô
e de arrepio
você me dá vontade de viagem
de teatro
de chuva
de fotografia e ah
eu sabia
que eu devia
ter trazido meu
caderno de
poesia
aqui pra
te dar oi
e mesmo depois quando
você deixar louça na pia e eu
pedir o divórcio
quem não ia querer te
reconquistar?
tomei coragem
me arrumei toda
vim até aqui
não me reconheceu?
desculpa o mau humor
eu to cansada de
não escrever você
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