O dia em que a Rita descobriu que o nome da Carol é Helena

Se você olhar bem,
vai ver que eu tenho um traço no nariz.
Vou mentir que fiz plástica, 
mas, como você vai descobrir, 
eu não minto muito bem. 

Se você me adicionar no facebook, 
pode logo ficar sabendo que eu gosto de escrever. 
Vai descobrir que minha família me chama de Carol. 
E eu vou falar da Rita.

Se você pegar na minha mão, 
vai sentir uma verruga. 
Se olhar a minha perna, 
vai ver uma cicatriz. 

Se chegar a tirar a minha blusa, 
vai descobrir que eu tenho umas manchinhas na barriga e nas costas. 
Vai poder ver como a minha coluna é torta. 
Mas nada que me faça querer apagar a luz.

Se a gente conversar bastante, 
você vai descobrir que eu sou indecisa. 
Não tenho medo de mudar de opinião, 
mas não gosto de gente estilo ~tanto faz~.  

Não tenho potencial para conflitos 
e gosto de fofoca.

Se a conversa ficar sentimental, 
você vai perceber que eu não guardo rancor dos exs, 
mas desejo a todos eles vida longa. 

Vai descobrir que sou funkeira, pagodeira e sertaneja. 
Isso sem falar que sou comuna 
e feminista 
com todas as letras.

Você pode descobrir que eu sou medrosa. 
Gosto de atenção. 
Desejo ser algo novo. 
Algo que te cative. 

O complemento ortogonal de tudo o que já existe no mundo.

Se perguntar,
vai descobrir que estou sempre apaixonada. 
E nem sei negar.

Se você olhar bem, 
vai ver que eu tenho um traço no nariz. 
Se olhar ainda mais, 
vai ver que adoro o meu nariz com traço.

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