Renda

Esmalte renda. Sem graça. Sutiã de renda. Calcinha de renda. Com graça. Com calor.
Renda-se. De se render e de se rendar. Rendeira. Rendição.
Ah, aquele momento.
Tão breve, tão intenso.
Aquele momento em que o esmalte renda e a calcinha de renda se rendem a alguém. Que o esmalte renda quer virar vermelho. Ivete, Gabriele, Beijo, Melancia, Gula ou qualquer outro nome de vermelho que a indústria de esmaltes criou. Naquele momento, qualquer vermelho se chamaria renda.
Porque a mulher, então, se rendeu.
O cérebro se rendeu.
O gemido na garganta se rendeu.
Os joelhos, as pernas, as coxas se renderam.
Ela toda se rendeu, se rendou.
Mas, afinal, quem foi esta rendeira que causou esse tormento na bendita calcinha de renda? Só sei que estava de branco. Imaginem só, de renda. E o esmalte renda nem me parece mais tão sem graça assim.

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