palimpsesto

acabei de apagar o título que estava nessa postagem e escrever o que agora está. lindo, não é?
encontrei essa palavra no segundo tcc do gui e depois, de novo, bem no comecinho do conto da aia. sim, estamos em tempos em que as pessoas postam que defenderam seus tccs em redes sociais e isso não é ruim. prestigiei meu amigo com uma singela curtida, perdida entre tantas outras, mas não procurei a palavra desconhecida no momento. deixei o gui com a qualidade de saber aquela palavra que eu não sabia, ele ficava muito mais misterioso assim. só que depois a mesma palavra apareceu - por coincidência ou obra dos agentes do destino - no livro que eu comprei quinta-feira. sim, estamos em tempos de pandemia, estão morrendo praticamente mil por dia, sim, eu devia ficar em casa, o problema é que minha articulação temporomandibular está me causando tanta dor - eu suspeito que seja o estresse dessa quarentena com aulas online - que eu fui ao dentista. depois que já estava fora de casa, passei na livraria pois minha mãe também mostrou interesse num livro novo. foi só isso, eu juro.
o conto da aia eu comecei a assistir nesse isolamento. antes eu tinha medo, mas gostei de encará-lo. palimpsesto, conforme uma busca rápida me disse, significa aquilo que se raspa para escrever de novo. vem do grego, dos papiros e pergaminhos, do custo do material. eu não tenho esse problema, tenho tanto papel que me assusto. e nos campos digitais é ainda mais fácil de apagar. vocês nem sabem o que estava digitado aqui antes.
vou contar só o título: um conto de amor pro andrew garfield. explico: numa bela noite, a internet travou e eu, querendo assistir alguma coisa, optei pela minha série das drag queens, que já estava baixada no computador. andrew era o jurado convidado do episódio que assisti, estava muito simpático, e eu, na minha carência, saudade e constante vontade de formar frases, fiz o título. ficou ali um tempão, ganhou até algumas ideias, até que agora eu apaguei. eu sabia que, por mais que eu tentasse, não sairia um conto. e tudo bem. o prof de português gosta desses gêneros indefinidos e eu também.
são tempos difíceis e só me consola o amor. eu ouço músicas sobre ele. eu deixo que se formem e que se esqueçam em minha cabeça - principalmente na madrugada, antes de dormir, para espantar os pesadelos - cenas românticas nos mais variados cenários e com os mais variados personagens. meu conto de amor pro o andrew garfield poderia se chamar um conto de amor pra qualquer repórter da globonews, pra minha amiga que quer morar numa ecovila, até pro gui. e quando estes personagens me perguntam, confusos, o que estão fazendo naquela fantasia, eu digo que deveriam ficar muito felizes por habitarem os pensamentos de uma escritora tão famosa quanto eu [sim, a fantasia é minha e nela eu sou o que eu quero].
e se eu pergunto o que aconteceu com o carlos, eles me dizem:
- helena, a quarentena vai acabar e você vai encontrar ele de novo. agora, esse romance comigo, ou você vive essa noite ou não vive nunca mais.
aí eu escolho viver. é o melhor que eu posso. eu deixo a falta de vida aos pregadores da morte, aos de arma nas mãos. eu deixo o vazio aos condenadores do amor. eu durmo nos braços de tantos e tantas, mas deixo a vergonha pra quem censura. eu deixo o medo pra quem não tem arte pra encarar junto.
agora vou embora, minhas cenas não vão se fazer e muito menos se esquecer sozinhas.

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