de novo de novo de novo

ah, que gostoso escrever o poema
que há muito não faço
porque acho que tava ocupada
ou por cansaço
por falta de sobriedade
ou por excesso
mas ah
que bom vício
confesso

é aquela fantasia que há muito se guardava
é a notícia que há muito se esperava
é o sábado de quem tanto trabalhava
o amor de quem tanto procurava

mas ai, se eu não achasse
te procuraria nas,
vírgulas,
nas gavetas
nas garrafas de vinho
nas formas de gelo
pendurado no varal
atrás da cortina
em cima da mesa
colado na parede
jogado no chão
debaixo da cama
em cima da cama
em cima da coberta
debaixo da coberta
com a luz acesa
e
ah

ah
o texto que há tempos não faço
amor que há tempos eu acho

mas ai, ai de mim se eu não achasse
que tire de mim os clássicos
e tire de mim os bregas
tire de mim os casacos
lenços, meias e sapatos
só não me deixa sozinha
(não me deixa sem abraços)

jogue fora os meus rascunhos
suma com meu travesseiro
rasgue todas as minhas cartas
e acabe com o meu dinheiro

coma todos os doces da casa
e cancele o meu tcc
que me tire a licença poética
mas me deixe achar você

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