Minha próxima lua de mel vai ser na Grécia

- Temos que comprar água, amor. Aqui não pode tomar direto da torneira.

Já estávamos acostumadas uma com a outra. A palavra amor já tinha sido tão usada pelas nossas bocas que se tornara um clássico. Mas palavra amor não gasta. Não desgasta. Pode usar com gosto. Pode usar sem medo.
Eu me apaixonei por você na chuva. Foi grande, forte. Foi fora de época, contradizendo todas as meteorologias. Você é exatamente como aquela chuva que estava anunciada para três da tarde, mas que acabou dando uma cochilada e só apareceu lá pelas cinco e meia, obrigando os turistas desavisados a entrarem em ônibus, metrô, restaurante e banca de jornal. O horário previsto da chuva estava em todas as publicações.
Mas você é imprevisto. Você é aquele momento de tensão em que a maquininha que monitora os batimentos cardíacos faz bip bip bip biiiiiiiiiiiiip. Também você é a própria equipe médica que salva quem estava em apuros. Você é a hora do conflito no livro de final feliz. Você é susto. Você me tira o fôlego. Também você é o meu fôlego em si.
Me apaixonei por você na chuva e você se apaixonou por mim quando já estávamos secas. Inaugurei a palavra amor. Deitamos juntas. Coxa com coxa. Braço com braço. Mão com mão e pé com pé, o mais quente esquentando o mais gelado. Nossos corpos gastam e envelhecem, mas a gente usa com gosto. Usa sem medo.

- Amor, olha pro céu, Acho melhor comprar outro guarda-chuva, porque esse já está gasto demais.
- Que estranho esse céu escuro. A previsão não era de chuva.

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