Volta ao mundo Carvoeira norte

Tinha um macaco de pelúcia perdido no ônibus. Ele estava sentado, sozinho, no banco da janela. Olaf, que estava comigo, ficou horrorizado. Bem que ele tem razão, ninguém gosta de estar perdido. Eu posso te mandar a minha localização, mas ainda não sei onde posso comer algo quente nessa hora do meu pensamento. Faz tanto tempo que tá escuro que eu achei que era mais tarde. E tá frio, até pro Olaf. Juro que é ele quem insiste pra ter conchinha toda noite. Tá frio pra perder bonecos de pelúcia no ônibus. Tá frio demais pra não se apaixonar. Cai a chuva e molha o meu amor, já diziam Sandy e Júnior na playlist pra não chorar que eu criei. Estou perdendo artigos e pronomes possessivos nesse trajeto do ônibus, que vai do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Sabe, achei que tinha algo nas minhas costas. De tanto coçar, encontrei algo: as marcas dos arranhões que eu mesma fiz. Faz tanto tempo que tá escuro que eu já deveria estar dormindo, mas todos concordamos que um macaco de pelúcia perdido no ônibus não é assunto para desperdiçar. Por um momento, pensei até que era uma pegadinha.
Espera aí que tem algo estranho.
Excusez-moi.
Pardon.
Merci.
Ela recuperou o seu macaco de pelúcia e eu não me senti mais tão maluca por andar com um Olaf pela cidade. Que bom que o macaco não vai dormir sozinho. Eu também não.

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