Bruno e Marrone

"Daquele momento até hoje esperei você. Daquele maldito momento até hoje, só você. Eu sei que o culpado de não ter você sou eu. E esse medo terrível de amar outra vez é meu."

- Falou, velho, até a próxima.
Assim ele se despediria de mais uma noite de sexta-feira com o melhor amigo. Tinham saído para tomar uns drinks e agora cada um iria para sua casa. Mas não nessa sexta.
Porque enquanto ele estava pagando a conta, a mulher mais gostosa da face da Terra aparece do seu lado usando um casaco, um sorriso cruel e outros acessórios que ele deixou de reparar.
- Oi.
Ele também não era de se jogar fora. Era o homem tipo vinho. Tinha sido uma criança feia, um adolescente mais ou menos e agora era um quarentão irresistível.
- Oi. Já estou de saída.
- Ah, não está não. Conversa um pouco comigo, eu vim aqui para ver você.
E ele cai mais uma vez no papo dela.
Conversa vai, conversa vem e ele se lembra que já foram namorados. "É, minha cara. Eu mudei, minha cara. Mas por dentro eu não mudo" E ele se lembra que ela não mora na mesma cidade que ele, talvez nem no mesmo país.
- Mas me diga, onde você está morando agora?
- Isso importa? Dá para não pensar em onde eu moro e pensar em onde eu estou agora?
"Bem que eu queria encontrá-la e sorrir numa boa."
- Tudo bem, e o que te traz aqui?
- Você, ué.
- Eu? Como assim eu?
- Assim.
Ela tinha um problema sério de controle. Na verdade ela não tinha, mas ele a deixava assim. Devia ser o cheiro dele, mas isso não faz diferença. O que interessa é que mal ela terminou de falar e suas mãos já estavam na nuca dele e ela o beijava.
- Assim. Agora paga a conta que eu vou chamar um táxi e vamos para um motel.
E foram.
E pegaram a melhor suíte.
E fizeram tudo o que quiseram.
E o que restou foi um bilhete colado ao lado da cama.
A noite foi ótima. Eu te amo. Quando quiser (na)morar comigo, me procure. Paguei a conta. Eu te amo de novo.

"Seu amor ainda é tudo. Tudo."